Festival Islâmico de Mértola

Sobre

De génese marcadamente cultural e patrimonial, com fortes raízes territoriais, o Festival Islâmico de Mértola tem a sua base no trabalho arqueológico realizado sobre o património de Mértola, em particular, o referente ao período Islâmico, levado a cabo, desde o fim dos anos 70, pela equipa técnica do Campo Arqueológico de Mértola, em parceria com o Município e outras entidades locais e nacionais do meio associativo e académico. O estudo do Período Islâmico em Portugal, aquando das primeiras intervenções arqueológicas na Alcáçova do Castelo de Mértola, estava praticamente no ponto zero.

A importância e abundância dos achados arqueológicos encontrados no decurso dos estudos realizados à altura, e que se estenderam por todo o casco histórico da vila até aos dias de hoje, tornaram-se então determinantes para o conhecimento deste período histórico e afirmaram a importância estratégica que a antiga cidade de Mértola, assumiu, nessa época, como entreposto comercial de ligação ao “mundo mediterrânico.”

No período islâmico, Mértola reforça a sua posição de porto mais ocidental do Mediterrâneo, atinge o auge da sua função mercantil e assume-se como espaço privilegiado de encontro de culturas. Por tudo isto, foi quase natural que em 2001 surgisse integrado no cartaz
dos eventos do Município, a 1ª Edição do Festival Islâmico de Mértola. A iniciativa foi inspirada nas Jornadas de Cultura Islâmica que se realizam em Almonaster la Real (Espanha) www.almonasterlareal.es e desde a sua primeira edição que extravasou em larga escala as suas iniciais motivações académicas, científicas e culturais assumindo-se, atualmente, como um dos eventos culturais de maior notoriedade na região do Alentejo.
O Festival Islâmico de Mértola acontece na vila de Mértola, de dois em dois anos, sempre em anos, ímpares e é uma organização colaborativa da Câmara Municipal de Mértola com a comunidade local e várias organizações locais, nacionais e internacionais, das quais se destaca a parceria com Fundación Mezquita de Sevilla, parceiro cultural desde a primeira edição.

Objetivos
• Valorizar e divulgar a matriz cultural mediterrânica de Mértola e do território;
• Divulgar o conhecimento sobre a história e o património de Mértola, em
particular da época islâmica;
• Promover o conhecimento, o diálogo, a tolerância e a cidadania entre culturas;
• Promover projetos culturais e artísticos de fusão cultural;
• Fortalecer laços culturais, sociais e económicos com o Mediterrâneo
• Gerar riqueza, emprego, atratividade e sustentabilidade através de um projeto dinâmico de turismo cultural;

Souk

O ponto auge acontece nos 4 dias de mercado. No “souk”, os cabedais, as djellabas, o incenso, o sândalo, o chá de menta, as especiarias e a mistura de vozes dão cor, aroma e melodia às ruas da “vila velha” cobertas de tecidos coloridos. As bancadas do mercado são cobertas dos mais variados produtos (artesanato, doçaria, produtos regionais alentejanos, música, arte, tecidos) provenientes dos mais variados destinos (Marrocos, Tunísia, Egipto, Espanha e é claro do Alentejo). A compra, essa, está invariavelmente associada ao ritual árabe de regatear um bom preço. Aqui e ali surge um ponto de animação espontânea: uma dançarina, um poeta ou um cantor. Num espaço improvisado, lá no alto, junto à antiga Mesquita, toma destaque um recanto reservado à oração.
No mercado de rua do Festival (o Souk) não se encena uma recriação histórica, com personagens e figurantes, vive-se o exercício cultural do presente de uma qualquer medina (cidade) árabe de hoje, com o bulício do seu mercado num vai e vem de gente atarefada.
O desafio é imaginar uma contemporaneidade cultural e social plural e em inter-relação pacífica e construtiva, que assume e celebra a matriz mediterrânea destes territórios do Sul.

Um Festival de Culturas

Mais do que um exercício de identidade e passado, o Festival Islâmico de Mértola afirma-se como um evento de contemporaneidade e futuro. Mais do que celebrar o passado histórico, com o festival imagina-se um presente e futuro de possibilidades de diálogo de culturas; de interação de pessoas de diferentes quadrantes (sociais, culturais, religiosos…); de fruição cultural plural com diferentes modalidades artísticas em presença (a dança, a música, a poesia, as artes plásticas, as artes e os ofícios, o design); de partilha de conhecimento e de ativação de pensamento crítico e reflexão sobre temas fundamentais para a construção de uma sociedade mais sustentável e inclusiva.
A geografia cultural do festival situa-se hoje pelas terras a sul do Tejo estende-se ao sul da Estremadura espanhola, Andaluzia, Múrcia e Valencia, e além do mediterrâneo a terras do pequeno Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia) e Médio Oriente numa ligação histórica com os territórios do antigo Califado Omíada, que reinou em Damasco de 661 a 750 e em Córdova de 756 a 1031.
Desta amplitude territorial e cultural resulta um programa cultural rico em diversidade, identidades e fusão.
De inspiração árabe-andalusi, chaabi, gnawa, berbere, espiritual sufi… tradicional ou com notas contemporâneas, purista ou de fusão, a música do Festival obedece a ritmos invariavelmente do Sul, do mediterrâneo com bases culturais comuns. Aos ritmos do mundo árabe junta-se a melodia do cante, do fado e do flamenco.

Nas artes e nos ofícios a programação do festival alia às técnicas e materialidades do artesanto tradicional as novas linguagens do design e a livre expressão das diferentes disciplinas das artes plásticas, para dar lugar a variadas exposições e oficinas temáticas. Das artes às palavras, na programação do Festival há ainda lugar à poesia, ao conto, à literatura ficcional e histórica.

O Festival também é sabor e aromas, é celebração da Dieta Mediterrânea, da cozinha sazonal, de proximidade e de raiz cultural. Por isso além da experiência gastronómica proporcionada por restaurantes e demais expositores do SOUK, o programa do Festival inclui várias oficinas de cozinha e momentos de partilha sobre o tema da alimentação.
Firmando o seu compromisso com o Conhecimento, no âmbito do Festival são ainda organizadas várias conferencias, palestras, visitas guiadas, bem como outros momentos de partilha e reflexão de ideias.

Parceiros

O Festival Islâmico de Mértola é uma organização da Câmara Municipal de Mértola que conta com a parceria de um conjunto de entidades locais, regionais e transnacionais, particularmente ligadas à comunidade e cultura árabe.

  • Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo // Programa 365
  • Fundación Mezquita de Sevilla
  • Associação de Defesa do Património de Mértola
  • Associação de Empresários do vale do Guadiana
  • Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mértola
  • Associação Terra Sintrópica
  • Ayuntamiento de El Granado
  • Campo Arqueológico de Mértola
  • Capitania do Porto de Vila Real de Santo António
  • Centro de Apoio Social aos Trabalhadores da CMM – CAS
  • Centro de Saúde de Mértola
  • Clube de Futebol Guadiana
  • Clube Náutico de Mértola
  • Comércio Local
  • Comunidade Islâmica em Espanha
  • Cooperativa Oficina de Tecelagem de Mértola
  • Grupo Coral “Os Caldeireiros” de S. João
  • Grupo Coral da Mina de S. Domingos
  • Grupo Coral Guadiana de Mértola
  • Guarda Nacional Republicana
  • José Braizinha
  • Junta de Freguesia de Mértola
  • Liga Portuguesa de Luta Contra o Cancro
  • Lita Godinho
  • Luís Costa
  • Mairie de Chefchaouen
  • Maria Clara Pereira/Orlando Louro
  • Maria de Fátima
  • Motoclube “Os Falcões das Muralhas” de Mértola
  • Nassa – Núcleo d’Artes de Mértola
  • Núcleo de Voluntariado de Mértola
  • Parque Natural do Vale do Guadiana
  • Sano De Perpessac
  • Santa Casa da Misericórdia de Mértola / Oficina da Criança